Pesquisa da Fundação Dom Cabral identificou que a malha ferroviária responde por mais de um quarto do total transportado no País

O setor ferroviário vem ganhando cada vez mais espaço e promete reordenar a logística no Brasil. Recente estudo divulgado pela Fundação Dom Cabral (FDC) revela que as ferrovias respondem atualmente por 27% do volume do transporte de cargas (em toneladas úteis) do País.

A pesquisa “Cenários de carregamento da rede multimodal de transporte com fluxos de cargas nos horizontes-base atual e projetados (ainda sem novas infraestruturas)” busca discutir a matriz brasileira de transporte de cargas. Para o levantamento, foram considerados os modais ferroviário, rodoviário, hidroviário, dutoviário e navegação de cabotagem.

Durante a análise, foram considerados apenas transportes de longa distância, com foco nas variáveis Volume de Cargas (TU) e Produção de Transporte (TKU). A partir dos dados identificou-se, de forma inédita, que a malha ferroviária responde por mais de um quarto do total transportado.

Os dados foram identificados pela PILT FDC – Plataforma de Infraestrutura em Logística de Transporte da Fundação Dom Cabral. A plataforma analisou cargas de transporte em toda a malha rodoviária brasileira, que soma cerca de 190 mil quilômetros.

“Existe um senso comum no País de que o uso da ferrovia não ultrapassa os 23% no transporte de cargas. Com o estudo, pudemos observar o aumento do uso deste modal, principalmente no transporte de granel agrícola. Identificamos que existe carga, porém, é preciso uma malha ferroviária que suporte essa demanda. Caso contrário, esse aumento poderá inclusive retroceder até 2035”, revela o professor e coordenador do Núcleo de Infraestrutura, Supply Chain e Logística da FDC e responsável pela PILT-FDC, Paulo Resende.

Modais com maiores volumes de cargas no Brasil

ModalVolume de cargas – atual (%)* em TU
Ferroviária26,9
Rodoviária62,2
Hidroviária4,3
Dutoviária3,6
Navegação de cabotagem2,9

Projeção do transporte de cargas para 2035

Segundo a pesquisa, na hipótese de não haver investimentos em infraestrutura, parte dos avanços reportados serão perdidos. “É preciso atenção neste ponto. Vivemos um momento de ineditismo, mas podemos voltar a patamares anteriores caso nada seja feito”, completa Resende.

O estudo da Fundação Dom Cabral realizou simulações a partir do método de “alocação por equilíbrio estocástico”. Portanto, a análise parte do princípio de que não haverá alterações físicas e funcionais significativas na rede multimodal de transporte de cargas, como, por exemplo, nas rodovias.