Governo investe em ferrovia de 1907 para atrair empresas de logística e transporte
O governo do México está realizando uma reforma em uma ferrovia que estava em declínio há mais de um século, com o objetivo de se tornar uma opção para o tráfego de contêineres do Canal do Panamá. O trecho do Istmo de Tehuantepec, que custará US$ 2,8 bilhões, contará com uma ferrovia de 308 km entre os portos de Salina Cruz, em Oaxaca, e Coatzacoalcos, em Veracruz. A abertura está prevista para o final deste ano, e já foram realizados testes com trens percorrendo a rota.
O projeto busca aproveitar o interesse das multinacionais em estarem mais próximas dos Estados Unidos e os períodos de baixo nível de água do Canal do Panamá, devido às secas cada vez mais frequentes na região. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, vê a ferrovia como parte de uma estratégia para atrair investimentos para o sul do país, que é uma área mais pobre. No entanto, ele enfrenta questionamentos de empresários da indústria sobre o sucesso da empreitada.
De acordo com o governo, a ferrovia fará o percurso em 6h30, excluindo o tempo de carregamento, o que seria uma vantagem em relação ao Canal do Panamá, onde as embarcações demoram entre 8 a 10 horas para atravessar o canal de 80 km. A ministra da Economia, Raquel Buenrostro, afirmou que o México agora é um dos cinco países mais atraentes do mundo e que não há como isso não se desenvolver.
No entanto, especialistas avaliam que pode levar anos para construir a infraestrutura necessária e criar as indústrias subjacentes para atrair as principais empresas logísticas do mundo. O custo adicional, o tempo e a insegurança de descarregar contêineres em um trem com uma capacidade menor do que um navio, e depois transferi-los de volta para um navio em Coatzacoalcos, no Golfo do México, são outros obstáculos para convencer o mercado, segundo os especialistas.
Fonte: Folha
